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sexta-feira, 14 de junho de 2013

TRÊS DÉCADAS DEPOIS

        

         Eu não me lembro em que ano foi. Talves em 1977, um anos antes ou depois, realmente não vou lembrar quando. Mas lembro como. Eu já havia visto a carroça marrom, com duas parelhas de cavalos brancos na loja Miscelânia, do nosso vizinho, o "Seu Paulo". Acostumado com os magrinhos, aqueles eram os cavalos mais bonitos que eu havia visto.
         Levou um tempo pra arrumar o dinheiro, que era ganho da minha mãe ou da minha tia em pequenas quantidades por tarefas que eu desempenhava em casa, ajudando aqui e ali na lida doméstica.Quando eu consegui o suficiente fui correndo comprar. Veio num saco de plástico, com um papelão para pendurar no expositor grampeado nele.
         Não recordo agora se veio alguma figura, mas eu adorava colocar um cowboy atirando de lado nela. Para isso eu aboli a lona e ele ficava sentado no banco da frete ou na traseira da carroça atirando em seus perseguidores.
         O tempo foi passando e a carroça, brincada ao extremo, começou a se desfazer. Ora caia uma roda, ora outra, sem falar das vezes que eu desmontava tudo para compor cenas de brincadeira. Era comum uma roda cair durante uma perseguição, uma cena famosa nos bang-bang que assistia com meu pai.
         Mais tempo se passou e me ocorreu a infeliz ideia de transformar os cavalos com arreios em selvagens. Sem pensar muito, raspei os arreios com um ferro quente e marquei um "S" nos traseiros, já que eles eles haviam sido capturados e domesticados.
         Perdida, doada, destruída ou jogada no lixo em algum momento. Eu não sei o que se sucedeu, mas guardei três rodas e os cavalos por um tempo e as tenho até hoje. Mas faltava a carroça completa. E aí eu achei uma, mas que não comprei porque era vermelho e só tinha dois cavalos e era cara. Bom, pelo menos eu não tinha o dinheiro no dia.
         Ai, outro dia, achei uma no Mercado Livre, infelizmente vermelho também. Mas, vermelho ou não, eu resolvi participar do leilão e para minha surpresa, ninguém acompanhou. Sinceramente ela estava meio carinha mesmo, mas é o que apareceu, e duvido que apareça outra nesse estado tão cedo. Se parecer, torço para que seja num preço mais baixo para alegria de alguém.
         Então, aqui estão as fotos dela, do anúncio, pois ainda não chegou e vou demorar mais vinte dias pelo menos para tê-la em minhas mãos. Quando eu puder, vou refazer a lona e postar as fotos aqui.
       
         08/07/2013 - Pois bem, aqui estou escrevendo estas linhas para dizer que esta carroça chegou a minha casa enquanto eu viajava. Quando eu abri o pacote e via a peça quase não acreditei no estado de conservação. Parecia que havia sido tirada da embalagem há pouco tempo. O vermelho é tão natural quanto o de uma peça nova. As rodas estão, todas, sem um arranhão que mereça atenção. As traves dos cavalos estão com um tom de marrom vivo como se tivessem sido desformados recentemente. E os cavalos estão maravilhosos, com os arreios e cascos pintados ainda com a tinta original sem estarem muito descascados.
Uma peça maravilhosa!!!!!
   




As fotos abaixo são do Mercado Livre, de outra carroça vendida há alguns meses atrás. Pretendo copiar a lona do mesmo jeito, com o mesmo tecido.








2 comentários:

  1. Essa carroça era um sonho de consumo na minha infância. Eu acho esses o cavalos mais legais de todos os modelos que conheço e que já vi.
    Parabéns pela bela aquisição!

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  2. Valeu meu caro. Eu acabei conseguindo umas outras antigas nesse mesmo período.
    Também comprei alguns desses cavalos um pouco antes de achar a carroça. Vou usá-los nas carroças que faço de madeira para incrementá-las, afinal, de que vale uma carroça sem cavalos bonitos.
    Logo colocarei um post sobre esses assuntos aqui.

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