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terça-feira, 30 de outubro de 2018

O ATAQUE A AGÊNCIA LOWER SIOUX

Contribuição do nosso amigo Sidnei Eduardo Maneta, postada recentemente no grupo "A Conquista do Oeste". O texto é livre tradução de um capítulo do livro Forts of the American Frontier (1820-1891), um livro ricamente ilustrado de de Ron Field.



Por volta do meio-dia de 18 de agosto de 1862 ocorreu a primeira escaramuça entre os guerreiros indígenas e os soldados americanos na Insurreição dos Dakotas. Foi no local de travessia de balsa conhecido como Redwood Ferry. A guerra começou cedo naquela manhã com o ataque surpresa à agência Lower Sioux ou Redwood. As notícias dos ataques chegaram ao Forte Ridgely, cerca de 18 quilômetros abaixo do rio, às 8h30 da manhã, quando refugiados feridos começaram a chegar ao forte. O capitão John S. Marsh, então no comando do Forte Ridgely, decidiu levar 54 homens, o intérprete Peter Quinn, e um dia de rações para a agência e investigar os acontecimentos. Eles partiram do forte às 9h da manhã.




Estes soldados eram em sua maioria formada por jovens, meninos das fazendas do condado de Fillmore, no sudeste de Minnesota. Agora eles eram soldados "voluntários" da Companhia B do Quinto Regimento de Minnesota, guarnecidos em Forte Ridgely. As atividades no forte eram rotineiras naquela manhã quente e úmida de 18 de agosto de 1862. Então J. C. Dickerson, dono de um comércio na agência Lower Sioux, chegou correndo aos gritos: "Os índios estão atacando Redwood!". Então, o capitão John S. Marsh ordenou ao garoto da bateria (tambor) Charles Culver para soar um longo rufar de tambor. Os homens foram selecionados, equipados com quarenta cartuchos de munição e despachados para Redwood. Marsh e o intérprete norte-americano Peter Quinn, ambos montados em mulas, lideraram a coluna. Quatro carroças puxadas por mulas, trazendo a ração de um dia, rapidamente os alcançaram. Para acelerar a viagem, os homens subiram nas carroças. Um ar de excitação cercou os inquietos e inexperientes soldados, a maioria dos quais só estava em serviço a cerca de seis meses. Marsh, um jovem oficial corajoso, havia lutado com um regimento de Wisconsin na primeira batalha de Bull Run, mas este seria seu primeiro confronto com índios em guerra.



Ao longo da estrada para a agência Lower Sioux, os soldados encontraram muitos cadáveres de civis que haviam sido mortos recentemente. Encontraram também grupos de colonos aterrorizados fugindo para a segurança do forte Ridgely. Do outro lado do horizonte, colunas de fumaça das cabanas em chamas dos colonos tocavam o céu. A seis quilômetros do forte, os homens passaram pela casa do médico da agência, dr. Humphrey, que estava em chamas. Os corpos massacrados de Humphrey e de sua esposa se estendiam nas proximidades, junto com o bebê que também estava morto. Mais um quilômetro e meio a frente, as tropas encontraram um homem ferido por um "Tomahawk" (machado de guerra), quase morto. Na Colina de Faribault, quase cinco quilômetros de Redwood, a estrada para carroças descia da pradaria alta. Ao longo do trecho descendente, quatro pessoas que tinham sido recentemente assassinadas foram encontradas. No sopé da colina ficava a cabana, que abrigava uma dúzia de mulheres e crianças a caminho do forte. Lá, o rio fazia uma curva acentuada para o leste por uma curta distância, e um pequeno riacho se estendia por todo o amplo terreno, coberto de grama alta. No riacho, mais quatro corpos foram encontrados.



A visão da crueldade da guerra causou um mal estar nos jovens soldados. O intérprete Peter Quinn afastou seu cabelo branco do rosto e disse: "Isso é guerra em sua plenitude". O capitão Marsh pensou diferente: "Provavelmente um pequeno bando de renegados." Os soldados seguiram a pé em uma fila única. Na grama alta eles encontraram mais dois corpos. Os braços e as pernas de um dos homens foram decepados e enfiados em seu abdômen que também estava cortado. Alguns dos soldados se afastaram, enojados pela visão. O intérprete Peter Quinn identificou o cadáver. "Ele era o barqueiro responsável pela travessia da balsa no rio." Conhecedor da maneira de agir dos Sioux, Quinn observava com muita atenção os arredores. "Não gosto da aparência das coisas aqui", ele advertiu. O capitão Marsh ponderou brevemente. “Como oficial, não posso voltar atrás e deixar essas mulheres e crianças indefesas entre esse bando de índios e os soldados protegidos no forte”. O dever é um dever. Ele ergueu a espada e bradou aos seus comandados: "Todos, exceto os covardes, sigam-me." Os homens continuaram em fila indiana, passando por um celeiro à esquerda e a trinta metros à frente da casa do barqueiro. Outros duzentos metros adiante ficava o rio onde a balsa de fundo chato aguardava. Em ambos os lados da estrada, grama alta se misturava com matagais espalhados, intercalados com manchas de areia abertas deixadas pelo transbordamento do rio. Um matagal maior se estendia para o sul ao longo da margem do rio por cerca de três quilômetros, variando na largura. Do outro lado do rio, o penhasco era íngreme, sua face coberta por um espesso crescimento de árvores jovens e vegetação rasteira, e seu topo coberto por uma nuvem de fumaça marcando os restos das estruturas destruídas pelo fogo em Redwood.


Ao pé do penhasco, apareceu um único índio. “Esse é o Cachorro Branco”, disse o sargento John Bishop ao capitão Marsh. "Ele é da Agência Superior e não pertence aqui.". "Pergunte por que ele está aqui", o capitão Marsh instruiu o intérprete Quinn. "Apenas em uma visita por alguns dias", respondeu Cachorro Branco e continuou a pedir aos homens que cruzassem o rio com o barco: “Podem atravessar”. Ele pisou em um tronco e continuou: “Tudo está bem por aqui. Nós não queremos lutar e não haverá problemas”. “O problema é apenas entre os comerciantes e os índios. Venha e nós podemos nos reunir em conselho”. Como aquela caminhada tinha sido cansativa por causa do calor, o sargento Bishop desceu até a beira do rio para beber água. Ele notou que a água estava agitada e cheia de galhos e folhas. "Acho que estamos sendo cercados por índios que atravessaram o rio acima de nós", informou ele ao capitão Marsh. O sargento Bishop subiu num monte de areia e observou que havia pôneis balançando suas caudas em uma pequena ravina no lado oposto. Quando o Capitão Marsh perguntou a “Cachorro Branco” sobre os pôneis que ele havia visto no penhasco, um soldado voluntário chamado William Blodgett, que estava em pé na segunda fila da direita, após vislumbrar índios se movendo entre o riacho e o rio, gritou "Olha!". Cachorro Branco levantou a arma e disparou. Imediatamente, uma saraivada de tiros veio do mato na margem oposta. O corpo do intéprete Quinn caiu para frente e deslizou para o chão. A mula do capitão Marsh foi baleada, caindo no chão. Muitos dos homens caíram. Gritos cheios de medo encheram o ar quando os índios se lançaram em um ataque. "Voltem para a casa do barqueiro!" o capitão Marsh ordenou.



O soldado voluntário Blodgett, derrubado no chão na primeira saraivada, não conseguiu se levantar até tirar o cinturão de cartuchos. Uma bala entrara entre as duas costelas inferiores do lado esquerdo e se fixou perto da coluna vertebral do mesmo lado, causando um corte de cerca de quinze centímetros de comprimento. Ele então correu de volta pela estrada e encontrou um abrigo temporário na casa do barqueiro. Balas entravam na casa pela janela, então ele correu para o outro lado em direção ao celeiro. Lá ele encontrou o soldado John Parks, que estava muito ferido a ponto de não conseguir ficar de pé. O soldado Blodgett correu para o mato que continha um alto arbusto. Lá ele viu três soldados de costas para uma árvore. Quando ele pretendia se juntar a eles, um dos três homens caiu atingido por uma bala. Ele olhou na direção de onde a bala veio e viu um índio recarregando sua arma. O soldado Blodgett mirou rapidamente e disparou contra o índio. O Sioux caiu. Blodgett recarregou com a munição do cabo Joseph Besse e mais uma vez se embrenhou no mato, encontrando outro soldado de nome Edwin Cole, cuja mão esquerda estava quebrada. Cole tomou o caminho à esquerda e Blodgett tomou o caminho à direita, caindo e rastejando na grama. Escondido neste local ele viu o tocador de flauta Ezekiel Rose tentado escapar de dois índios que o perseguiam. O soldado Blodgett continuou se rastejando por baixo de algumas trepadeiras selvagens. Escondendo-se lá, ele ouviu o soldado Cole gritar em grande dor. Os índios davam risadas e ofendiam o infeliz soldado gritando “Squaw”, que continuava implorando enquanto os índios o torturavam. Então vieram os sons de golpes com os machados “Tomahawk”, e o soldado Cole ficou em silêncio. No combate corpo a corpo, cada homem tentou lutar para sair do cerco mortal. O sargento Bishop se aproximou do local onde ficava a balsa apenas para encontrá-la cheia de índios. Embora ferido na coxa, ele conseguiu escapar entre a casa do barqueiro e o celeiro. Ele foi alvo de uma espingarda de cano duplo, mas o Sioux, disparando apressadamente, errou o tiro. Antes que o sargento Bishop pudesse usar sua arma, o soldado James Dunn, correndo atrás dele, atirou e o guerreiro índio caiu. Os dois soldados correram mais de 90 metros quando cinco índios saíram do meio da grama alta. "Corram para o mato!" gritou o capitão Marsh para seus homens. O par agora virou para o sul, pressionado por outros Sioux, e chegou aos salgueiros ribeirinhos. Os dois soldados correram e encontraram o capitão Marsh e outros treze homens. O ataque inicial durou apenas vinte minutos. Depois que os índios se aproximaram, tornou-se quase impossível que um soldado se juntasse a seu comando após ele ter sido separado dele. Os Sioux planejavam separar os soldados em pequenos grupos de dois e assim matar todos eles. Agora eles cercavam o mato, gritando e despejando chumbo de forma rápida.


Após o primeiro tiroteio, quase metade dos soldados do capitão Marsh caíram mortos. Quando os soldados tentaram recuar, eles foram atingidos pelas costas. O combate corpo-a-corpo seguiu-se quando os soldados procuraram freneticamente uma posição para se proteger do ataque. Eventualmente, os homens do batalhão de Marsh encontraram uma posição no meio do mato logo abaixo da balsa. Mas os índios continuaram a atirar no meio do mato durante várias horas. Por volta das 4h da tarde os soldados estavam quase sem munição e foram forçados a racionar suas munições com cuidado. Os soldados que conseguiram se esconder no meio do matagal estavam com sua porção de munição bem reduzida, não mais do que quatro balas para cada homem. O capitão Marsh decidiu que a única chance de escapar era atravessar o rio e escapar pelo lado arborizado. Ele ordenou a seus homens que nadassem no rio para que pudessem escapar. Marsh foi o primeiro a entrar no rio, ele levantou a espada e o revólver, entrou na água e quando estava no meio da corrente teve uma câimbra. Deu um grito e afundou. Ele acabou se afogando. Vários soldados tentaram salvá-lo, mas ele desapareceu. Durante a hora seguinte, os homens restantes se amontoaram sob a margem do rio, decidindo o que fazer. O sargento Bishop de apenas dezenove anos era o último oficial sobrevivente, então assumiu o comando. Como não havia mais som de tiros do lado de fora do matagal, os homens começaram cautelosamente a descer pela margem em direção ao forte Ridgely. Os Sioux, achando que os soldados tinham cruzado o rio, ficaram esperando para emboscá-los do outro lado. O progresso dos soldados foi lento; o sargento Bishop estava mancando e o soldado Ole Svenson estava tão gravemente ferido que teve que ser carregado. Quando escureceu, o sargento Bishop despachou dois soldados à frente para alertar o forte do desastre. A escuridão também encorajou o soldado Blodgett a se arrastar dolorosamente de seu esconderijo e ir ao rio para beber um pouco de água. Incapaz de continuar sua jornada à noite, deitou-se e dormiu. Ele acordou gritando por várias vezes "Não me abandonem". Ele “sonhou” que estava vendo o motorista da carroça ambulância, soldado Jack Fauver. Ao acordar, ele se lembrava dos índios e ficava novamente em silêncio. O soldado William Sutherland, que havia caído de bruços perto do rio, recuperou a consciência. Ele estava sem parte do uniforme manchado de sangue – camisa e calça, mas milagrosamente não tinham sido escalpelado como os outros soldados mortos. Uma bala entrou em seu peito, passou por um pulmão e saiu por baixo da omoplata direita. Ele se arrastou até o rio para tomar um drinque e encontrou um pequeno barco escondido, parcialmente cheio de água. Depois de esvaziá-lo com as mãos, ele empurrou lentamente o barco para a corrente, subiu nele e deitou-se no fundo.



Quando Bishop e seus homens ainda estavam a uns cinco quilômetros do forte Ridgely, ouviram um barulho e observaram certa movimentação mais à frente no meio do mato. Ficaram congelados. Depois de uma espera aparentemente interminável, o sargento Bishop descobriu quem estava lá. Era uma mulher que se levantou e disse: "Finalmente eu encontrei ajuda!" Então sussurrou: "Eu estou salva?". Próximo dela estava sua irmã com um bebê de colo. O grupo viajou junto, alcançando o forte Ridgely por volta das dez da noite. Mais tarde naquela noite, os soldados James Foster e Tom Pearsley também conseguiram alcançar a proteção do forte. Foster escapou da detecção ao se esconder sob uma ameixeira coberta de trepadeiras, ouvindo os gritos de exultação macabra dos Sioux que mutilavam e matavam seus camaradas desamparados e suplicantes. Ele saiu do esconderijo e depois de uma dúzia de passos, tropeçou em um corpo. Ele tinha a sensação de que não era um adulto morto, e então sussurrou: "Este é um dos garotos do forte!". O soldado Tom Pearsley, único sobrevivente de um grupo de quatro homens isolados em um bosque, também apareceu. Os soldados James Munday e Ambrose Gardner também retornaram naquela noite. O soldado Charles Beecher retornou dois dias depois. O soldado Ezekiel Rose foi encontrado vagando pela pradaria, perdido e quase morto pela perda de sangue causada por um ferimento no braço.




No dia seguinte, o soldado Blodgett, atormentado pela dor e torturado por mosquitos, com roupas frias e úmidas, além de faminto, continuava lutando para chegar ao forte. Uma vez ele tentou seguir caminho pela estrada, mas alertado pelo tilintar dos sinos dos pôneis indígenas, viu os índios à sua frente e retornou ao rio. Ele nadou ao longo da margem até encontrar uma saliência de arbustos e videiras para se esconder. Por volta da meia-noite, a menos de cinco quilômetros do forte, o soldado Blodgett entrou numa cabana saqueada, esperando encontrar comida. Enquanto mordiscava um osso com um pouco de presunto, ouviu uma batida na porta e um grito: "Se houver algum branco aí dentro, saia e vamos juntos para o forte". Era John Fanska, um sobrevivente ferido do ataque contra a agência indígena em Redwood. Os dois seguiram viagem juntos, descansando com frequencia. John Fanska conseguia ficar em pé mas cuspia sangue em decorrência de uma flechada nas costas; o soldado Blodgett se ajeitou e se levantou. Cerca de oitocentos metros do forte eles foram encontrados por outro soldado sobrevivente da emboscada. Este soldado gaguejou para Blodgett: "Meu Deus", "não pode ser, pois te vi cair uma segunda vez!". Naquela mesma noite, mais vinte e quatro soldados conseguiram habilmente retornar a segurança do forte. Quem também chegou foi o soldado Southerland que fora abandonado e navegou naquele barquinho que encontrou encalhado na margem oposta. Ao chegar no forte estava "magro, torto, manchado de sangue, seminu, com o aspecto de alguém que fora ressuscitado dos mortos." No local do emboscada, próximos da balsa de travessia, estavam esparramados na beira do rio os corpos de vinte e quatro soldados voluntários, com a areia da borda e as águas do rio encharcadas com o sangue deles. Exceto pelo intérprete Quinn, estes soldados eram apenas jovens, com toda uma vida ainda pela frente. Mas não havia nenhum covarde entre eles. Em seu relato pessoal da batalha, o sargento John F. Bishop afirmou: “Algumas das coisas que vimos naquele dia são muito revoltantes para se comentar; meu sangue gela ao pensar nelas”.










segunda-feira, 8 de outubro de 2018

ÁFRICA MISTERIOSA - VERSÃO DO ALBERTO FERNADO CRUZ

Aqui algumas fotos que o Alberto Fernades Cruz mandou. São sua versão da África Misteriosa, com alguns itens a mais.
Parabéns Alberto. 

Clique nas fotos para ampliar.






sexta-feira, 24 de agosto de 2018

PINTURAS DE FIGURAS 3 - COMEÇANDO A PINTAR


Agora, que tal começarmos a pintar. Lembrando que até agora falamos em usar primer (base não água) e tintas e vernizes acrílicos (base água). O que vou falar aqui é o que faço, e mesmo assim nem sempre uso a mesma técnica.

Depois de prendemos (ou não) a figura na base com a fita dupla face e com um pincel mais largo passamos o primer na figura arranhada com a escova de aço e a Pasta Cristal. Agora, com o mesmo pincel, limpo em álcool (o solvente do primer da Corfix), vamos pintar a base da figura da cor desejada.

Pah, que cor eu uso? Verde? Que tom de verde? Ah! Vou usar marrom, cor de terra, azul? Fiquem a vontade, ok. Mas tenham em mente o que vocês querem para a figura. Ela vai pra estante e é uma repintura tipo vintage? Bom, então a base é verde. Não perguntem por que, mas é verde. A figura vai para um “diorama”, uma “cena”? Então tem que se aproximar dos tons da base desse cenário, correto?

Belezinha. Pintaram a base de verde. Para por aí. Guarda a tinta. Só vão usar novamente para retoques. Pintaram de cor de areia, barro, ou coisa parecida? Ótimo. Continuem pintando a figura até a altura da cintura (se estiver de calças). Bota, calça, cinto, tudo da mesma cor. Se for um caçador ou estiver usando roupa de pele, tipo um Sioux, da-lhe tinta na figura toda, sem dó. Podem pintar o chapéu também.

Secou? Não, ta demorando? Usem um secador de cabelos daqueles bem fraquinhos pra ajudar. Ok, vamos continuar. Agora pintem a calça com a cor que vocês quiserem. Pode ser um marrom forte (ou mais claro) diluído em água, pode ser um azul, pode ser qualquer cor, diluída ou não. Ficaram em dúvida? Experimentem pintar outra coisa para verem o efeito.

Acertou a calça, vamos às botas e cinto do revolver. Mas antes, se vocês quiserem, podem pintar o rosto e mãos com o tom que acharem melhor. Eis uma lista básica:
1-      Cor Pele (pronta ou feita) para os brancos;
2-      Marrom Clarinho, imitando bronzeado, para os índios e mexicanos;
3-      Marrom escuro ou para os “afrodescendentes” ou preto para os “Africanos”.

Particularmente eu deixo as botas e o cinturão para depois de pintar a parte de cima das figuras, a não ser que tenha a tinta pronta para outra pintura. Questão de oportunidade versus desperdício de tempo e tinta. Muitas vezes eu uso marrom ou preto mais diluídos. Isso facilita a passagem do pincel sobre as áreas e dar um ar de “lavado’, o chamado “wash”.

Simples assim? Claro que não. Agora que a figura está “vestida”, vamos retocar chapéus, dar tons aos cabelos, pintar ou não olhos, sobrancelhas, boca, dentes, orelhas. Aí entra aquele pincel 000, e paciência, muita paciência.

Realmente chegar a perfeição, ao encontro perfeito entre as duas cores tinta, a harmonia entre as cores requer prática e experiência. Não achem que vão pintar a figura perfeitamente na primeira tentativa. Bem provável que vocês não gostem do resultado. Se for o caso, deixa a figura de molho no sabão em pó e começa de novo.

Daqui por diante vou me ater apenas a detalhes específicos de pintura em cada figura. Vamos ver cada coisa separadamente.

Vou colocar algumas fotos abaixo e fazer alguns comentários para ajudar a entenderem melhor.

Índio Gulliver, Trol  ou Casablanca, com a base verde original. Muito legal, como peça de brinquedo que era. A base verde nunca incomodaria uma criança querendo brincar e provavelmente achando que ele estava sob um grande gramado.

Repintura que fiz em soldados Gulliver dos anos 1970. Fiz as bases verdes para deixar as figuras mais próximas das originais. Nessas figuras, o cinturão era pintado de branco, o que não condiz com o uniforme da época. Preferi pintar de preto. Essas figuras não estão "vesidas" de tinta, ou seja, não foram pintadas calças e camisas.

Pintura muito bem feita pelo amigo Sérgio Franchi. Estes Atlantic (copiados aqui nos anos 1980 pela Gulliver) estão pintados nas cores da cavalaria na época das Guerras Índias. Notem que o Sérgio resolveu dar um tom neutro para as bases, embora numa cor única.

Composição que fiz para uma cena. Reparem como duas das bases destoam do assoalho da calçada do banco.


Pintei este índio pensando no cenário árido do deserto do Arizona. Há diferenças de tom entre a pedra onde ele apoia o pé esquerdo e a base do direito. Essa diferença foi feita usando um "wash" de marrom escuro. O mesmo foi usado para as botas. Umas pinceladas mais fortes de marrom diluído para os detalhes.

Base cor de terra com detalhes em verde servem bem aos cenários onde a vegetação é salpicada.

Outro exemplo de base mista.

Estes não tenho mais, senão iria repintar as bases. Francamente não sei onde estava com a cabeça para pintá-las assim.

Base marrom, aproximando da de um assoalho sujo de um saloon.

Base verde com detalhes. Notem a pequena diferença de tom de marrom das botas para a calça.

As bases dessas figuras eram lisas. Como pretendia pintar com detalhes de relva, usei um pirógrafo para fazer os detalhes sulcados. Depois tinta verde, marrom e outros tons claros.

Cavalo Gulliver que era branco, Alguns detalhes de "lavado" nas patas.

Bases marrons claras para simular o barro de uma rua de cidade de faroeste.

Bases verdes comuns.

Base marrom com detalhe verde na vegetação. Notem os tons parecidos entre a base e as botas.

Base clara com detalhe. Esta foi a primeira figura que pintei.