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terça-feira, 11 de junho de 2013

MAIS QUE UMA BRINCADEIRA DE CRIANÇA

           Para alguns e nós, quando éramos crianças, a brincadeira com os artefatos ligados ao assunto Forte Apache era uma guerra entre os soldados e índios, entre cowboys ladrões e mocinhos, entre os índios e outros índios. Juntávamos um ou mais amigos, pegávamos alguns "bonequinhos" e saíamos para a rua, para a sala, para qualquer lugar onde montávamos nossas cenas, muitas delas inspiradas por nossos seriados preferidos. Se era uma luta justa ou não para qualquer dos lados, isso nunca importava em nosso universo. Não existia uma guerra real e uma maldade verídica. Era tudo uma invenção, de qualquer jeito.
           Com o tempo, a vinda de novos brinquedos, de novas responsabilidades, essas brincadeiras foram ficando de lado, mas não esquecidas. Eu mesmo montava sets de soldadinhos da II guerra de um lado e outro e atirava bolinhas de nas formações, nas construções que eu fazia de tábuas de caixas de feira. Eu já andava com 15 anos na época, se bem me lembro. Foi com essa idade que dei meu primeiro tiro de chumbinho num soldadinho, nas pedras atrás de casa. Logo troquei eles pelos ratos que passavam de um lado para o outro atrás do milho dado às galinhas do meu pai.
          Mais tempo se passou, os soldadinhos foram para um saco, a carabina foi vendida, trocado o dinheiro por uma prancha de surfe, veio outra, mais uma de mergulho, outras atividades, casamento, filhos e os soldadinhos lá, numa caixa, junto da África Misteriosa, Tarzan, e duas centenas de animais das Áfricas Negra e Branca, das Américas, da Europa e até do Ártico. O Forte Apache, ou Arizona, perdeu-se. E perderam-se algumas figuras de soldados, índios e cowboys. Nunca me lembrei se os dei, sumiram, foram doados.
         Foi em 2005, dando uma volta pelo Mercado Livre, que vi um Forte Apache, destes de plástico, para vender. Comprei e usei as figuras para compor um forte gigante para meu filho, então com 4 anos. Esperava que ele fosse brincar com ele mais tarde. E brincou, algumas vezes, bem poucas.
         Foi então que decidi fazer uma pequena coleção e ampliar o número de figuras. Fiz outro forte, consegui mais umas figuras, construí um set magnífico exposto por uma semana nas dependências do prédio onde trabalho, vendi para um colecionador novo e fiquei muito tempo sem fazer nada parecido.
        Essa história é para entrar em outro assunto: Por que temos esse tipo de coleção? Brincamos com "bonequinhos"? Não é uma brincadeira, ou é? Montar um set é ou não brincar de soldados? O que é o nosso hobby? O que é realmente a nossa brincadeira?
        Não sei dos outros, mas montar um cenário é mais que viajar no tempo. É exercitar a imaginação, é resgatar parte da nossa história, uma história que está sendo esquecida e corre o risco de não ser contada às gerações que virão daqui um tempo. Ficará escrita em algum lugar, mas não será lembrada no todo. Contarão que existiu um seriado ou outro sobre alguns soldados num forte meio real, meio imaginário, mas será só isso. Não se contarão histórias sobre nossas brincadeiras. Das vitórias dos índios rosados contra soldados azuizinhos dentro de uma paliçada de troncos "deitados", escondidos numa guarita minúscula e sem porta, mas que na nossa imaginação comportava meia dúzia de valentes combatentes.
        Nosso passatempo é esse então. Resgate de infância, de história, de uma alegria por vezes esquecida no passado. Para alguns de nós é isso, uma volta ao passado. Há comércio, é verdade, mas isso é outra discussão e não cabe aqui.
        Brincando ou não de "bonequinhos", estamos felizes, e isso é o que importa. Bem vindos ao clube aqueles que são novos nesse mundo e saudações aos que estão há tempos por aqui.
        Um grande abraço.

     





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